segunda-feira, 10 de maio de 2010

"Porteña"


Descubro em Buenos Aires, a par de seus inumeráveis encantos,uma indubitável vocação e declarado amor pelas bicicletas.
Em meio ao seu trânsito intenso, pelas ruas estreitas ou pelas largas avenidas, vejo os ciclistas passarem, audazes, velozes, desafiando o tempo e desafiando até a morte.
São os entregadores de jornais, de pães, de carnes, de encomendas, enfim, de tudo que tenha que chegar rápido ao seu destino no centro da cidade.
As bicicletas dos entregadores de pães são as que mais se destacam.
Carregam à frente, diante de guidão, um enorme cesto que mais parece a gôndola de um balão.
Ver estes ciclistas todos ziguezagueando pela cidade é como uma ode ao perigo, à audácia, à ousadia, mas também um convite à poesia e a uma espécie de dança feita de volteios, de passos e guinadas inesperadas como no tango.
Ando assim a admirar suas peripécias quando me surge bem na minha frente, em meio de uma ensolarada tarde de domingo, junto a Puerto Madero, esta encantadora ciclista porteña.
Meu encanto e minha admiração se transformam , então, em flerte.
Flerte com a juventude e a beleza feminina.
Flerte com Buenos Aires.

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