Hoje, 30 de dezembro, antevéspera do final do ano, desço até à garagem e olho minha bicicleta que tem, ali, que conviver com os carros.
Olho e retorno para dentro de casa.
Vou até lá como se fôsse apenas para confirmar sua presença.Como para me certificar de que não fugiu.
Parece loucura mas passo a ter a sensação de que as bicicletas podem agir por conta própria. Passo a ter a sensação de que, como resultado de nosso descaso e de nosso desprezo, possam estar arquitetando algo sinistro. Silenciosamente como, segundo afirmam seus detratores, seria uma característica desta máquina que tem parte com o diabo.
Deixo passar um tempo e volto de novo a inspecionar. Talvez tenha, o que queria evitar, de prender minha bicicleta com uma corrente.
Terrível, realmente terrível e um tanto assustador.
Preocupa-me o fato de que todo ser sob grilhões desenvolve o potencial de um dia vir à desforra seja através de suas própriasmãos ou de seguidores, de descendentes ou de espíritos que fiquem vagando por aí