sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Nossa Senhora dos Ciclistas

De repente eu quis que chovesse.
Na realidade esta vontade ou desejo coincidiu com o ouvir de uns primeiros pingos que me fêz apurar o ouvido para averiguar se realmente era chuva.
Era.
Uma chuva já meio de verão, já meio estival.
É claro que se chovesse, quantos ciclistas não ficariam prejudicados em empregar suas bicicletas. Quantos pais de família, de recursos tão exíguos, não teriam que contar as moedas e os trocados para tirar o valor da passagem de ônibus.
Ou quantos, sem mesmo esta pequena quantia, não teriam que enfrentar o mau tempo e tocar assim mesmo, sob chuva, pedalando suas heróicas bicicletas.
Ao pensar nisto passei a querer que não chovesse.
Mas a chuva, ao contrário, apertou.
Logo a seguir, no entanto, estancou.
Estaria brincando conosco, pobres ciclistas e escritores?
Neste momento dei-me conta de que não tínhamos um santo dos ciclistas.
Ou uma Nossa Senhora dos Ciclistas.
Urgia encontrar uma para ter a quem dirigir nossas orações e nossas preces.