sábado, 14 de abril de 2012

A Criação da Bicicleta


Deus pode ter criado o homem.
Mas foi o homem que criou a bicicleta.
Como resultado de sua inteligência, de sua engenhosidade.
Primeiro, aliás, criou a roda.
As primeiras bicicletas eram estranhas, muito altas, com rodas enormes.
Já permitiam, contudo, que seus condutores, com o simples movimento de pedalar, percorressem com rapidez grandes distâncias.
E à medida que as bicicletas foram se tornando cada vez mais "humanizadas", ou seja, de mais fácil emprego, puderam, num dado momento, ser utilizados por crianças.
Neste momento homem e máquina pareciam terem nascidos juntos disfrutando, como crianças, a mesma infância.
A única particularidade foi destas pequenas bicicletas disporem de três rodas e serem denominadas velocípedes.
Desde então, homem e máquina tornaram-se cada vez mais inseparáveis.
A tal ponto que há quem queira sustentar, tal a humanização da bicicleta, que ela também é uma criação divina.
Isto, contudo, não procede.
O mais provável é que de alguma forma Deus ele próprio fosse também um ciclista e gostasse de dar suas pedaladas.   

Saias e Bicicleta

Nada mais romântico do que ver uma mulher pedalando de saia.
Mas saia longa e numa bicicleta feminina. 
Do contrário o resultado pode ser desastroso especialmente se a saia não for longa.
E se, ainda por cima, for justa e a ciclista estiver procurando subir na bicicleta vamos nos deparar, quase certamente, com uma daquelas situações em que o charme construído em torno da mulher sofre um sério abalo.
Para recuperar talvez apenas se demonstrar ser uma boa ciclista.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Um Ciclista Anônimo

Receio que o que me atrai nesta cena em Montevideo possa não atrair mais ninguém.
A imagem não atende nenhum padrão vigente que a torne razoável sob o aspecto fotográfíco.
Para mim, no entanto, tem um valor próprio.
O ciclista da cena puxa um reboque no qual carrega coisas importantes para ele.
Não pude definir bem se utensílios e pertences ou lixo que coleta.
Mas é Sexta-Feira Santa e pelas ruas vazias da Ciudad Vieja este homem , enquanto a cidade dorme, movimenta-se à busca de seu sustento e dos que possam depender de suas pedaladas.
O valor da foto, para mim, está também no fato de que tive que correr para chegar na esquina a tempo de registar sua passagem já meio desaparecendo. Mas acho que não corri o suficiente,  por isto a figura do ciclista já quase saindo do quadro.
Agora, cada vez que olho para o seu vulto na foto fico pensando: eis aí , como não poderia haver outro tão marcante , um autêntico ciclista anônimo. 

terça-feira, 3 de abril de 2012

Vitoriana

As formas de pedalar são infinitas.
Quando não se efetivam como coisa concreta,como rodar sobre asfalto ou sobre  pedras, nem por isto deixam de materializar-se sob formas diversas nas quais predomina, não o esforço físico, mas a imaginação.
Ou quem sabe o desejo, a libido.
Não tinha me detido mais demoradamente a considerar isto mas, é claro que há elementos que conferem à bicicleta, em determinadas situações, um elemento de sensualidade e até de erotismo, muito claro.
Não preciso dizer que é o caso desta foto.
O que me faz também lembrar que, se pedalar nos dá tanto prazer, há outros preferíveis.