Difícil explicar o fascínio que uma bicicleta pode exercer no imaginário de uma criança.
No anúncio antigo a bicicleta faísca mais do que a árvore de Natal. E como se pode perceber faíscam também os olhos do menino que descobre seu presente.
Talvez o fascínio já não seja exatamente o mesmo de anos atrás.
O mundo mais simples que já se perde de vista, o da época do cartaz, não oferecia tantos atrativos ou tantas alternativas quanto o de hoje, da era da eletrônica e da informática. O próprio brilho dos olhos das crianças talvez já não seja também tão inocente, talvez já não tenha a mesma pureza, a mesma ingenuidade.
Nada disto, no entanto, impede que uma bicicleta ainda continue a ser um dos presentes mais desejados pelas crianças. O que ficou, isto sim, cada dia mais difícil de se ter são vias seguras para transitar.
Para vermos crianças pedalando com liberdade temos que ir aos parques e outras áreas de circulação restrita para automóveis. Quando a maioria das cidades ainda eram cidades pequenas e a vida se organizava em torno da vizinhança do quarteirão, a manhã seguinte à noite de Natal era o momento de exibir a bicicleta nova.
Mas desta lembrança não deve ficar apenas a nostalgia. Ao contrário devemos fazer dela a motivação para desejarmos o mesmo para nossos filhos, nossos netos, enfim para as gerações próximas.
Relembrar estes fatos não é ,assim, apenas uma questão de memória.
É um elemento de grande importância para fundamentar ações que busquem trazer de volta às cidades o encanto de viver nelas como a forma de tornar o sonho de cada criança algo possível.
Sonho, aliás, que nunca deixou de ser nosso próprio sonho, sonho do menino ou da menina que subsistem dentro de nós.