Nunca sei o que irá me despertar a inspiração de escrever.
Uma cena, uma notícia, uma imagem…
Contanto que a bicicleta ou ciclistas estejam presentes, dreta ou indiretamente, algo irá dar o sinal como um disparador, um starter e, em resposta, nascerá o texto .
Há situações, no entanto, em que fico dividido entre escrever ou me deixar ficar apenas como observador.
Diria que é o caso desta cena.
O que dizer que pudesse representar um acréscimo ao que ela já nos proporciona?
A cena é completa, plena.
O detalhe de estar ocorrendo na Coréia da Norte também pouco parece acrescentar.
Tampouco parece importante distinguir se os ciclistas são um casal como, não sei exatamente a razão, sinto-me inclinado a pensar. A legenda esclarece este ponto e adianta se tratar de homens ao fim de um dia de trabalho e talvez apenas este detalhe que não estão a passeio possa trazer um elemento diferente, capaz de acrescentar algo à plenitude da imagem.
Mas só.
Vê-se que conversam… em coreano, mas quase podemos entender o que dizem… há uma linguagem universal entre os homens que independe de língua, de país.
Em toda parte temos nossa atenção voltada para as mesmas coisas, o que nos separa nåo é a nossa natureza, esta é semelhante, mas circunstâncias que nos levam a termos crenças diferentes.
Neste momento contudo estas crenças parecem não se interpor entre nós e os ciclistas de forma que por uma mágica empatia nos sentimos pedalando junto com eles ao cair do dia como se tivéssemos o mesmo destino comum,a mesma sorte e os mesmo medos e expectativas diante do grande mistério da vida.
Por um momento estou na distante Pyongyang e sou coreano...
( Photo/ David Guttenfelder)