sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Confissões

Queria me inspirar mas confesso que encontro dificuldades. Queria que minha cidade e a sua cultura, os seus costumes, os seus valores, olhassem com mais carinho e mais cuidado para os ciclistas e entendessem melhor o que eles podem representar de positivo, de saudável e até mesmo de divertido e poético para todos nós seus moradores.
Vejo, no entanto, que há barreiras a este entendimento, a esta compreensão.
Por isto, quando pedalo, sinto-me muitas vezes meio solitário.
Embora centenas, milhares de outros ciclistas também pedalem pelas ruas, muitas vezes não sinto que nos una mais do que a necessidade premente de nos deslocarmos a um custo que seja o mais baixo possível.
Não me dá a impressão de que os ciclistas que encontro estejam felizes.
A grande massa dos que pedalam, pelo menos em minha cidade, estão indo ou voltando do emprego e, tanto no emprego que tem ou na casa para qual retornam, são muitas as dificuldades que encontram e parte destas preocupações, certamente, viajam com eles de carona.
Além disto sua atenção tem que estar permanentemente tão requisitada para não serem atropelados e não perderem a própria vida, que parece haver pouco tempo para usufruir da incrível sensação de liberdade de pedalar.
Não queria que este fôsse um registro triste até porque falar de ciclismo e de bicicletas sempre me anima muito, mas não posso evitar.
Nestes momentos, de qualquer forma, me consola e me dá ânimo saber que em minha cidade e em outras cidades pelo mundo todo, muitos ciclistas e muitos amantes de bicicletas, superam as adversidades e lançam-se às ruas sózinhos ou em pequenos ou grandes grupos, às vezes em eventos organizados ou em manifestações, impulsionando seus veículos mágicos como quem impulsiona a própria esperança

4 comentários:

  1. Muitas vezes tambem me sinto um lobo solitario neste "deserto urbano" que cresce sem parar. Carros, construcoes de todos os lados. Mas ao mesmo tempo, me sinto lisonjeado de poder ter a minha bicicleta e pedalar, sabendo que estou fazendo algo que gosto e muito estimo. Sei que num futuro(nao sei se distante ou nao), as coisas tomarão outros rumos, e a bicicleta ainda será um meio de transporte eficiente e de uso bem mais massificado.

    Cordial abraco

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  2. Para mim, a bicicleta tem um quê de lembrança de infância feliz, quando saíamos em bando, nós, a gurizada do Partenon, e corríamos livres, suados, pelas calçadas do bairro, ainda pouco marcado pela urbanidade dos prédios de condomînios colados uns aos outros e os terrenos baldios, competiam com as casas em todos os quarteirões. Hoje, meu filho precisa ir a parques ou a ciclovias com dias e horários limitados. Um prazer calculado, e não raro vigiado... ou na praia, como agora.

    C.

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  3. olá Paulo,

    realmente "parece" muito
    mais um capacete de moto!
    Mas resolvi postar porque
    esse video foi usado em
    palestra, sobre equipamentos
    de segurança, da ONG Vida
    Urgente, aqui em Poa.
    Mas a mensagem da importancia
    do uso do capecete é eficiente!

    ...
    muito bom o teu texto! tenho
    certeza que todos nós já nos
    sentimos assim em algum
    momento!

    boas pedaladas, ninki

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Talvez não saiba mas pode ser que tenhamos, em outros momentos, pedalado juntos. Pedalado em todos os terrenos que a bicicleta propicia entre eles os da criação e participação. Se chegou até aqui é quase certo que sim.Escreva seu comentário. Ele é parte fundamental deste processo.