Estou de volta a Buenos Aires mas agora já não fisicamente.
Meu reencontro é a pedalar pelas ciclovias do terreno límitrofe da realidade.
Sucede que Buenos Aires definitivamente é um exercicio de memória.
E de imaginação.
Mas também de esquecimento, de vida e de morte.
Sua obsessão em reviver o passado e resistir ao desaparecimento é um permanente desafio ao presente.
Mergulha-se em Buenos Aires como num mundo abissal. Deste mergulho a dúvida não é apenas se dele se sai vivo, mas se estamos vivos ao nos lançarmos ao empreendimento.
Mas mesmo Buenos Aires, apegada a esta obsessão e disposição de ser intemporal, não pode impedir que a sua face sofra o desgaste do tempo ou da ação selvagem do homem e, aqui e ali, apresente transformações.
Saio, então, a caminhar pela cidade e, como um explorador, vou me deparando com estes eventos.
Uma destas incursões já a tinha planejado de antemão.
Cedo pela manhã dirijo-me à Bicicleteria. A imagem que tenho dela na foto acima de Alexander Jung, é surpreendente. Na realidade uma autêntica criação artística que lembra uma tela, uma pintura digna de manter-se ali, conservada, intacta, como numa galeria ao ar livre.
Mas o que encontro é já a sua fisionomia alterada, coberta por anúncios. Salva-se deste vandalismo comercial, da forma original, o nome estampado na parte superior.
Meu reencontro é a pedalar pelas ciclovias do terreno límitrofe da realidade.
Sucede que Buenos Aires definitivamente é um exercicio de memória.
E de imaginação.
Mas também de esquecimento, de vida e de morte.
Sua obsessão em reviver o passado e resistir ao desaparecimento é um permanente desafio ao presente.
Mergulha-se em Buenos Aires como num mundo abissal. Deste mergulho a dúvida não é apenas se dele se sai vivo, mas se estamos vivos ao nos lançarmos ao empreendimento.
Mas mesmo Buenos Aires, apegada a esta obsessão e disposição de ser intemporal, não pode impedir que a sua face sofra o desgaste do tempo ou da ação selvagem do homem e, aqui e ali, apresente transformações.
Saio, então, a caminhar pela cidade e, como um explorador, vou me deparando com estes eventos.
Uma destas incursões já a tinha planejado de antemão.
Cedo pela manhã dirijo-me à Bicicleteria. A imagem que tenho dela na foto acima de Alexander Jung, é surpreendente. Na realidade uma autêntica criação artística que lembra uma tela, uma pintura digna de manter-se ali, conservada, intacta, como numa galeria ao ar livre.
Mas o que encontro é já a sua fisionomia alterada, coberta por anúncios. Salva-se deste vandalismo comercial, da forma original, o nome estampado na parte superior.
Diante desta cena recosto-me à parede do prédio do lado oposto da rua e deixo-me ficar ali recuperando o fôlego, atônito pela descaracterização da fachada, para tirar as fotos acima. Ainda investigo um pouco em volta e fico sabendo, do encarregado de uma banca de revista próxima, que a Bicicleteria teria fechado recentemente, questão de poucos meses.
Sem nada mais a fazer afasto-me pelas ruas antigas de San Telmo, temeroso de perder-me em seus traçados sombrios e talvez, como nos terríveis dias da ditadura militar, de desaparecer para sempre sem deixar rastro.
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