Cenas, abertamente, de guerra urbana e que, de imediato, nos causam um misto de horror, de indignação mas também, de um certo modo, de impotência e de conformismo.
Sentados em frente ao televisor trocamos de canal quando as noticias começam a repetir-se.
E entremeados com os horários das novelas, os programas de humor ( de baixa qualidade por sinal) e as transmissões diretas de futebol, administramos os momentos reservados a presenciarmos cenas de um Brasil que é parte de nossa herança e um retrato de nossa fisionomia.
Um Brasil que não estamos tão dispostos, como queremos dar a impressão, que mude, pois isto exigiria a nossa própria transformação.
Além disto, não longe dali, na zona sul deste mesmo Rio de Janeiro, cariocas de classe média-alta e turistas estrangeiros, sob a vigilância de seguranças e policiais atentos, pegam uma praia ou pedalam com elegância na pista ao longo da orla.
Aliás, na fuga cinematográfica dos traficantes morro acima na invasão pela polícia da Vila Cruzeiro, vi homens que corriam a pé, outros que passavam velozmente pilotando motos ou camionetas.
Só não vi, presenciando aquela cena de debandada desordenada, ninguém fugindo de bicicleta.
O que me faz concuir que traficantes, talvez até por viverem nos morros, não são grandes adeptos do ciclismo.
(foto s;autor, ag. Reuters)