domingo, 30 de janeiro de 2011

Bicicletas de Amsterdam II

Susi Aissa, leitora de Ciclistas Anônimos, de São Paulo, enviou a foto acima a propósito de Bicicletas de Amsterdam.
Eu comentei: “um caos” e ela completou: "Pois é, um caos mesmo! Em muitos lugares, era preciso desviar para não tropeçar nas bicicletas caídas pelo chão..."
De alguma forma esta visão complementa a anterior em que o espaço das bicicletas que lutamos para que ganhe corpo, assume um lado que parece poder fugir do nosso controle.
Este pensamento pode não passar de um devaneio literário mas confesso que fiquei com uma sensação estranha uma boa parte da noite me imaginando a pular, até para não tropeçar , entre as bicicletas caídas e espalhadas pelo chão...
Teriam sido abandonadas pelos donos ?
Ou, possibilidade que me deixou ainda mais intranquilo, talvez sequer tivessem tido donos algum dia e surgidas ninguém sabe bem de onde, ficassem ali , pelo menos aparentemente sem outro destino, como corpos metálicos à espera de se deteriorarem até o desaparecimento...
(foto Susi Aissa)

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Ciclista de Campinas

Recebo do "ciclista anônimo" Klaus Bigelli ( Lalo), adepto de MTB e cicloturista eventual, uma mensagem que quero compartilhar com os demais ciclistas, especialmente os que nos acompanham. Klaus criou em Campinas a instalação que se vê na foto e se diz inspirado em Ciclistas Anônimos. Eis o que escreve:
Caro P.R.,
Quando disse que o blog Ciclistas Anônimos me inspirou, é a mais pura verdade, eu o acompanho e foi daí que tive a idéia de fazer algo para inserir a bike no cenário urbano (aliás, se não me engano, peguei esta frase no seu blog ou de alguem que comentou dele..kkk).
Campinas-SP, é uma cidade muito deficiente em ciclovias e ciclofaixas. A princípio estava reservando esta velha bike para fazer uma ghost bike em homenagem-protesto a um ciclista que morreu no transito ano passado. Contudo, ao nossa prefeitura tomar uma iniciativa tão interessante de criar 18 km de ciclofaixa com exclusividade aos ciclistas nos domingos e feriados, revolvi fazer algo mais positivo ; assim, pintei a bike e um capacete velho nas cores da ciclofaixa (vermelha), fiz um pequeno trabalho de jardinagem, e na véspera de sua inauguração a coloquei no trajeto da ciclofaixa, uma avenida muito movimentada, com a idéia de fazer com que os motoristas lembrem da existência da bicicleta e da ciclofaixa no cenário urbano. Fiz questão de pôr um capacete para lembrar aos ciclistas que também é importante que sigam as regras de trânsito.
Para minha felicidade, fêz um enorme sucesso. No domingo, dia da inauguração, vi famílias e grupos organizados de ciclistas tirando fotos e surpresa mesmo foi ver como destaque no maior site local de noticias, no site da emissora da Globo local e elogiada no site da própria prefeitura e da Emdec (empresa que controla o trânsito aqui).
Fiquei tão animado que estou planejando uma escultura homenageando ciclistas que frequentam um distrito rural da região
Acho que é isso.
Abraços, klaus (lalo)

sábado, 22 de janeiro de 2011

Bicicletas de Amsterdam

Minha lembrança mais forte de Amsterdam não são apenas as bicicletas, mas também os canais. As bicicletas, no entanto, estão lá, por toda a parte, como se a cidade tivesse se tornado uma espécie de ponto internacional de convergência para elas. Dá a ímpressão de uma espécie de ocupação, preenchendo todos os espaços, aliás exíguos, da cidade. É preciso entender que isto tem a ver com o fato de que, na área central, a presença e a circulação de carros é bastante difícil. Na foto, ao fundo, uma rara presença destes veículos. As bicicletas, tirando proveito desta vantagem natural sobre seu maior adversário, reinam quase absolutas. Até os pedestres ficam um pouco em segundo plano. Lembro de ter despertado a ira de um ciclista pois devia estar circulando em uma área não recomendada. Praguejou qualquer coisa, possivelmente em holandês pois não entendi nada. Pelo jeito, devia ser algo do tipo: "sai da frente idiota" ou, "olha onde anda boca aberta!" Isto, é evidente, considerando que não fôsse nada mais ofensivo.
Mas os canais, entrecortados por pontezinhas, algumas das quais até elevadiças, é que mexeram mais com minha imaginação. Em alguns pontos barcos ancoram ao longo dos canais , como também se pode ver na foto e, em alguns casos, até se tornam moradias.
As bicicletas, no entanto, até por uma questão numérica, predominam.
Talvez por isto, na foto, parecem observar de forma tão ameaçadora os automóveis do outro lado do canal como se estivessem tomando a decisão de expulsá-los para fora dos limites da cidade que permaneceria, a partir deste momento, inteiramente destinada aos barcos e às bicicletas.
Amsterdam se tornaria assim a primeira cidade livre do mundo!
(foto:P.R.Baptista)