segunda-feira, 21 de julho de 2008

Ciclistas de Buenos Aires


Surpreende em Buenos Aires, com o tráfego intenso que se observa em sua zona central, o grande número de ciclistas que circulam( na foto um deles ziguezagueando para escapulir dos carros). Ou, melhor dizendo, malabaristas, equilibrando-se sobre duas rodas enquanto executam movimentos sinuosos cercados de riscos e perigos por todos os lados.
Realmente espanta.
Desconheço dados sobre acidentes mas fica a impressão que não devam ser poucos.
Por outro lado resta por explicar, tendo em vista este número tão expressivo de ciclistas e o conceito que Buenos Aires procura sustentar de metrópole cultural, como não existam vias próprias para a circulação de bicicletas.
As condições seriam bem favoráveis para isto. As avenidas são bem largas e a topografia é plana.
Mas o império do automóvel, a exemplo de tantas cidades, é poderoso.
O ciclista surge neste ambiente inóspito como um tipo de figura quixotesca a duelar a cada esquina, a cada quadra com máquinas metálicas, velozes e mortíferas.
Indiferentes, contudo, a estes perigos, os ciclistas passam rápidos, ágeis, esquivando-se aqui e ali, descobrindo espaços para passar onde o bloqueio e a muralha de carros parece indevassável.
Como os admiro, ciclistas anônimos, em sua inconsequência, em seu destemor que cria um elemento tão forte de oposição, de contradição e, ao mesmo tempo, de esperança à ditadura implacável do automóvel !
A respeito deles é importante sublinhar que a grande maioria está envolvido com seu trabalho. Muitos vêm de pontos distantes, dos arrabaldes, trazendo suas bicicletas de trem até a estação mais próxima da zona central de Buenos Aires onde se misturam a muitos outros, executando atividades diversas (a de estafeta é bem típica e parece congregar os ciclistas mais temerários) de trabalho ou de estudo.
E parecem ter sempre um motivo muito forte para se arriscarem tanto seja êle econômico ou de tempo.
Resta-nos aguardar que algum dia Buenos Aires seja mais amena para propiciar a nós pobres mortais, ciclistas de carne e osso, alguns meros turistas como eu, podermos percorrer de bicicleta suas lindas ruas e avenidas.
Aí sim, Buenos Aires estaria mais próxima da Paris da qual se gaba ser uma espécie de irmã.

Um comentário:

  1. En los días de la ditadura, la palabra bicicleta quería decir un passaporte clandestino.

    Y por la terna referencia al Hidalgo, te lo digo las gracías. Pero sobre los porteños, ¿y por qué no te haces más por lo miúdo, como dicen los galegos? Ándale, ¿qué me díces de Buenos Aires?

    Rabelevich.

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Talvez não saiba mas pode ser que tenhamos, em outros momentos, pedalado juntos. Pedalado em todos os terrenos que a bicicleta propicia entre eles os da criação e participação. Se chegou até aqui é quase certo que sim.Escreva seu comentário. Ele é parte fundamental deste processo.