sexta-feira, 24 de julho de 2009

Pedalando no Frio

As notícias são alarmantes. A gripe A (a mesma "suína" ou "porcina" para os castelhanos) entra no Rio Grande do Sul de mãos dadas com uma frente fria que afirmam ser a mais rigorosa depois de muitos anos.
Temperaturas próximas de zero ou mesmo negativas.
Sensação térmica? Não dá nem para sentir quando as extremidades ficam como pedra e tudo que se busca é um canto onde se aquecer.
Cheguei a pensar: " que dia desafiador para pedalar... " mas, me encontrando na frente da lareira, esta idéia não progrediu muito.
Lembrei-me, então, de buscar minha bicicleta para compartilhar do calor do fogo.
Afinal, ela devia estar também sentindo muito frio.
Trouxe-a, portanto, e a deixei, apoiada no descanso, ao meu lado em frente à lareira.
Ficamos ali um bom tempo, pensando no verão distante mas, também, nos ciclistas e bicicletas anônimos que tenham de enfrentar a noite gélida para chegar aos seus destinos.
E enquanto permanecíamos próximos do fogo, a comunhão que sinto com minha bicicleta alcançou um grau ainda mais elevado ao ponto de que, em deteminados momentos, tinha uma espécie de sensação de que ela acompanhava meus pensamentos e, à sua maneira, sem deixar de ser máquina, tornava-se quase uma peça dotada de sensibilidade e de espírito.
Ou será esta impressão tão somente resultado das visões que, ao estar ao lado do fogo na noite mais fria da década, perpassam em frente aos nossos olhos hipnotizados pelas chamas?
Vou ficar nesta dúvida...

3 comentários:

  1. O Horacio, através do PINHA LIVRE, envia este comentário:
    "Estimado Paulo e queridos amigos ciclistas...
    Enganam-se todos aqueles que pensam que pedalar no frio é ruim. Muito pelo contrário. Na segunda ou terceira quadra, dependendo da velocidade que se ande, qualquer ciclista já sente-se aquecido pela movimentaão do corpo.
    Recomendo apenas um bom par de luvas e uma manta. O resto é só alegria!!!!
    Frio?! Pedale!!! "

    E tem razão. Mas será que a bicicleta pensa da mesma forma?

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  2. ... a imagem de estar ao lado de uma bicicleta em frente a lareira fugindo do frio
    e provocar sentimentos tão delicados em relação ao que realmente significa a bicicleta,
    é expressiva ...
    passa uma idéia de solidão, mas ao mesmo tempo de uma sensibilidade que ultrapassa
    todos os sentidos de estar só...

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  3. Obrigado pelas palavras. O que tenho procurado despertar é o que denomino, na epígrafe de "Ciclistas Anônimos", de "poética do ciclismo"
    Esta abordagem adentra um pouco no comentário do Kieling quando afirma que " Ciclistas Anônimos tem uma visão única dentre os blogs que acompanho, pois fala da bicicleta inserida no cotidiano de cada um de nós".
    A bicicleta deixa de ser apenas máquina ou o instrumento de façanhas heróicas mas passa a ser parte de nós. Humaniza-se e, nesta condição, nossa parceira,integrante de nossa família e até nossa confidente.

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Talvez não saiba mas pode ser que tenhamos, em outros momentos, pedalado juntos. Pedalado em todos os terrenos que a bicicleta propicia entre eles os da criação e participação. Se chegou até aqui é quase certo que sim.Escreva seu comentário. Ele é parte fundamental deste processo.