Por um momento, na tarde ensolarada, o tráfego intenso de veículos se interrompe.
O ciclista aproveita, exatamente em um ponto onde ocorrem com frequencia acidentes de certa gravidade, para atravessar a rua.
Com muita calma, como se estivesse numa pequena cidade do interior.
Ou como se, a exemplo de Moisés, apartando as águas do Mar Vermelho, tivesse o caminho livre para avançar a salvo.
Mas não é só o tráfego que parece ter se interrompido.
É a própria atividade do Bairro.
O próprio Tempo.
De tal modo que deste momento só ficará este breve registro sem data.
Como única referência da hora do dia apenas a luz da tarde que cai projetando grandes sombras.
O ciclista, pincelando de azul este cenário, parece ainda definir seu rumo. Mas por um instante, mantendo-se no anonimato, torna-se o centro do universo, eterniza-se e, atemporal, se faz para sempre imortal.
sábado, 29 de agosto de 2009
sábado, 8 de agosto de 2009
Pedalando na Chuva
Acordo com uma vontade enorme de pedalar.
Motivado pela leitura, durante a noite, de aventuras arrojadas de ciclistas que se superam vencendo toda sorte de obstáculos, levanto com a determinação de engajar-me nesta espécie de cruzada de coragem, resistência física e destemor.
Deparo-me, no entanto, já no primeiro momento, com a constatação até aquele momento imprevista de que está chovendo.
Mas, então, digo para mim mesmo, aí está o desafio! Já ouvi a defesa de se pedalar no frio, já comentei até a respeito de pedalar sobre as águas, leio constantemente relatos de pedaladas em desertos, montanhas, sob condições as mais duras, pedalar na chuva sendo assim, é como um passeio.
Reanimado por este pensamento, tomo minha capa emborrachada, de capuz, coloco um calçado impermeável e pronto!, sinto-me apto para curtir uma pedalada sob a chuva.
Pego minha bicicletada e chego ao portão de casa assoviando "Cantando na Chuva".
Na rua, talvez por ser sábado e o dia nublado e chuvoso, pouco movimento.
Poucos carros, apenas alguns transeuntes esparsos passando sob os guarda-chuvas.
Embora a chuva não seja forte, a umidade é muito grande, típica de nossa cidade e, como sempre, desagradável.
Bem, mas só me resta subir na bicicleta e sair pedalando.
É neste momento que me dou conta de que não tenho exatamente um destino.
Moveu-me, até este instante, apenas a vontade de sair pedalando sem maiores considerações.
Agora, no entanto, a falta de um objetivo mais claro, paralisa-me.
Passo a notar também que minha pobre bicicleta não tem nenhum tipo de proteção. Vai ficar molhada e como não tem paralamas as rodas vão jogar água para cima.
Talvez fosse o caso de adotar algum tipo de sistema adequado.
Nada disto, contudo, procuro me convencer, pode me deter.
Nem mesmo o cheirinho de café sendo passado que vem de dentro de casa ou a lembrança de que a lareira ficou acesa.
Por outro lado não consigo me mexer como se estivesse paralisado.
Começo a negociar comigo mesmo um trajetinho bem curto, uma volta na quadra por exemplo. Só para sentir o gostinho de pedalar na chuva.
E é isto que estou pronto a fazer quando levado por um impulso tão súbito quanto o que me fizera tomar a decisão de sair, desisto da idéia e retorno para dentro de casa.
É claro que não estou muito confortável, um sentimento de culpa a percorrer meus pensamentos.
Mas dura pouco.
Ao chegar à cozinha ouço dizer:
- Onde andavas? O café está pronto, vai esfriar... e me agarro, neste momento, à convicção de que agi da forma certa.
Café frio, é preciso convir, não é nada delicioso...
terça-feira, 4 de agosto de 2009
Pedalando Sobre as Águas
Homens de pouca fé que não acreditais em milagres!
Vede e crede!
Ciclistas desanimados, descrentes que os administradores das cidades lembrem-se de vós e vos dêem condições de pedalar pelas ruas em segurança!
Se um ciclista pode pedalar sobre as águas, como nossos olhos ainda incrédulos podem ver, ciclovias podem ser feitas, ciclofaixas, bicicletários, enfim tudo que a pouca fé desacreditava.
Tende apenas que ter crença, muita crença e, sobretudo, rezar muito, orar muito diante das imagens destes senhores, políticos na maior parte. Em troca como oferenda nem pedem tanto, talvez apenas vossas espontâneas intenções de voto.
Sabemos que promessas, doutras vezes, já foram feitas.
Mas, agora, um milagre pode tornar tudo diferente.
E, iluminados por uma luz divina, talvez finalmente um pouco de entendimento os alcance e convertidos ao nosso evangelho nos acompanhem a divulgá-lo aos quatro cantos, pedalando pelas ruas do mundo. Amém. ( foto Mat Fot)
Vede e crede!
Ciclistas desanimados, descrentes que os administradores das cidades lembrem-se de vós e vos dêem condições de pedalar pelas ruas em segurança!
Se um ciclista pode pedalar sobre as águas, como nossos olhos ainda incrédulos podem ver, ciclovias podem ser feitas, ciclofaixas, bicicletários, enfim tudo que a pouca fé desacreditava.
Tende apenas que ter crença, muita crença e, sobretudo, rezar muito, orar muito diante das imagens destes senhores, políticos na maior parte. Em troca como oferenda nem pedem tanto, talvez apenas vossas espontâneas intenções de voto.
Sabemos que promessas, doutras vezes, já foram feitas.
Mas, agora, um milagre pode tornar tudo diferente.
E, iluminados por uma luz divina, talvez finalmente um pouco de entendimento os alcance e convertidos ao nosso evangelho nos acompanhem a divulgá-lo aos quatro cantos, pedalando pelas ruas do mundo. Amém. ( foto Mat Fot)
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