O ciclismo de competição não tem sido um tema abordado em Ciclistas Anônimos que tem outro foco.
No entanto, nem por isto deixo de me render à emoção e à estética das provas de rua e de estrada. E, ao ler que o calendário internacional deste ano acaba de ser inaugurado com a prova “ Cancer Council Helpline Classic” realizada na Austrália, tive uma lembrança de Florença.
A notícia da prova australiana surge, vale registrar, tendo como principal motivo a presença do americano Lance Armstrong agora correndo por uma nova equipe, Radioshack.
Mas a disputa acaba ficando por conta do duelo entre as equipes Colombia de André Greipel e o novo Team Sky que ocuparam as primeiras posições.
Armstrong, a atração, ficou apenas num modesto 62º lugar mas sem se inquietar. Segundo declara ao jornal francês que o entrevista, "c'était une bonne reprise. (...) Je me sentais mieux aujourd'hui qu'il y a un an. Il y a un an, j'étais comme une poule chevauchant un couteau. (...) Je veux être à un niveau supérieur plus longtemps. Je veux avoir la condition au printemps et au début de l'été pour obtenir une victoire quelque part avant le départ du Tour de France".
Ah, ia me esquecendo, a lembrança de Florença a qual me refiro acima, é de uma prova de rua, noturna, que por acaso presenciei e me deixou uma lembrança inesquecível. Num dado momento quando os competidores faziam uma curva apertada do circuito, repleto de público nas calçadas, uma mulher surge, inesperadamente, atravessando a rua. Um competidor que vinha bem próximo quase a atropela. A reação da multidão, italianos apaixonados por ciclismo, é imediata e indignada.
“Putana, putana” gritam furiosos.
Naquela mesma noite peguei um trem para Annecy na França mas, até hoje, passados muitos anos, pareço ouvir, bem alto, em meio ao cenário de tanta riqueza histórica, artística e arquitetônica quanto o de Florença, aqueles palavrões ecoando dentro da noite.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Talvez não saiba mas pode ser que tenhamos, em outros momentos, pedalado juntos. Pedalado em todos os terrenos que a bicicleta propicia entre eles os da criação e participação. Se chegou até aqui é quase certo que sim.Escreva seu comentário. Ele é parte fundamental deste processo.