segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

La Uruguaya

Há nela um encanto e uma beleza que a distingue do que temos, no Brasil, nos acostumados a ver e a exaltar como beldades.
Não mostra a exuberância tão louvada por nós nem, tampouco, nenhum lado selvagem, sensual.
Mas tem, isto sim, um charme que transparece de sua simplicidade que me faz parar diante dela e , pelo breve instante de uma fotografia, querer eternizá-la, querer fixar para sempre suas formas clássicas, suaves, profundamente femininas.
E a encontro logo ali, do outro lado da fronteira em Rio Branco, no Uruguai.
Caracteriza bem um aspecto do modo de vida uruguaio que tem um certo acento europeu, de discrição, de simplicidade.
E também da economia, da praticidade.
Só lamento não ter tempo para esperar a dona da bicicleta e vê-la sair a pedalar pelas ruas de Rio Branco.
Lamento mas me consolo. Qualquer outra visão que não fosse a de uma linda jovem uruguaia, morena, de cabelos escuros e longos, usando uma saia que não sobe dos joelhos, poderia ser uma grande decepção.
Por isto me afasto, atravesso de volta a fronteira, imaginando como ela seria, se além destas características físicas que imaginei não teria também outros dotes. Talvez tocasse algum instrumento ou se dedicasse ao canto. Ou estudasse teatro, astronomia. Não sei porque a imagino uma artista, uma pintora talvez, mas poderia ser uma estudiosa dos astros ou da botânica . Pelo menos isto é o que a bicicleta me inspira e prefiro ficar acreditando que se trata exatamente o que acontece.

2 comentários:

  1. ... adoro ler textos com esse sentido de fluidez, de instantâneo... e de total ambiguidade... até me imagino na situação, mas aí me lembro que não sou artista, nem estudo os astros e nem botânica... tu tens muita imaginação com a bicicleta...

    ResponderExcluir
  2. a imaginação, a bicicleta é que desperta... considero a bicicleta, especialmente algumas como esta da crônica, a própria materialização da poesia e da possibilidade do ser humano viver em maior harmonia socialmente e consigo próprio... com relação à ambiguidade talvez se trate de um recurso literário... de uma forma de despertar interpretações...

    ResponderExcluir

Talvez não saiba mas pode ser que tenhamos, em outros momentos, pedalado juntos. Pedalado em todos os terrenos que a bicicleta propicia entre eles os da criação e participação. Se chegou até aqui é quase certo que sim.Escreva seu comentário. Ele é parte fundamental deste processo.