Mas minha atenção não se desvia muito das bicicletas.
Novamente me extasio com o emprego absolutamente tranquilo que os habitantes fazem da bicicleta.
Não me detive neste detalhe mas tenho a impressão de que nem mesmo colocam cadeado quando deixam as bicicletas nos estacionamentos existentes por toda parte.
E como não posso deixar de exercitar meu cicloativismo, chama minha atenção a tentativa que um homem, com ares de gaúcho, um gaúcho de bermuda, faz para colocar sua bicicleta dentro de um ônibus.
Fica bem evidente que a bicicleta é essencial para sua vida, para lhe dar condições de se transportar, seja aqui onde se encontra, seja no lugar para onde pretende ir levando-a como a uma companheira.
Aproximo-me e verifico que, pelo menos da maneira como esta tentativa está sendo feita, há alguma dificuldade em ter êxito.
O gaúcho ciclista insiste que já transportou a bicicleta antes, de que é possível.
O encarregado do ônibus mostra-se cético e dá a impressão de que vai decretar a impossibilidade.
É quando, por alguma razão, pareceu-me até que para conversar com alguém, talvez seu superior, o encarregado se afasta.
Pressinto que vai voltar com uma decisão negativa, desta vez respaldado pela autoridade de um chefe, apenas para parecer que não está agindo arbritariamente.
Decido, então, intervir.
Aproximo-me e junto com o ciclista , com seu jeito agaúchado, vamos tentando daqui, tentanto dali, até que a bicicleta consegue ser acomodada!
O "gaúcho" me agradece e se encaminha para subir contente no ônibus.
Fico até um pouco emocionado e me sinto como se tivesse cumprido minha missão.
Afinal ciclista é para ser unido e tinha acabado de ajudar um ciclista anônimo.