A história das bicicletas de minha vida talvez seja um pouco modesta.
À exceção da primeira, uma Monark, uma relíquia que preciso restaurar e que ganhei de meu pai ainda menino, as demais comprei usadas ou foram "adotadas". Pela ordem uma Caloi 10, azul, uma segunda Caloi de alumínio, usada, que me foi roubada e uma terceira, uma modesta Speed, adotada, que acabou se tornando a bicicleta de meu uso.
Na verdade, à exceção talvez da Monark, não posso dizer que tenha me apaixonado perdidamente por qualquer uma delas embora, hoje, tenha um grande carinho por todas. A que me foi roubada, por exemplo, sempre me lembro dela e tenho um sobressalto cada vez que vejo passar uma igual na rua.
Talvez por isto ainda namore os anúncios de bicicletas que aparecem nos jornais. Mas sempre me pergunto se devo me lançar a uma nova aventura amorosa. Confesso que tenho uma leve queda pelas reclinadas e as dobráveis, mas me contenho.
Até porque, nestes momentos, dou-me conta que devo dar mais atenção à minha Speed que entrou na minha vida doada por uns parentes que já não a queriam. Afinal tem sido minha companheira fiel nestes últimos anos e se nunca nutri nenhuma paixão louca por ela, aos poucos tenho percebido sua dedicação, sua fidelidade e por aí tem nascido em mim um reconhecimento, uma espécie de carinho em que se mistura gratidão mas também, devo admitir, pouco a pouco também um certo enlevo, uma certa atenção aos seus encantos simples.
Teriam, talvez, apenas que ser realçados.
Não descarto me envolver com outras bicicletas mas, neste momento, esta bicicleta já merece um lugar definitivo em minha vida e até por uma espécie de compromisso, não surpreeenderia se me mantivesse eternamente fiel.
O amor, enfim, tem caminhos que só aos poucos, por meios que não esperamos, acabamos por descobrir.
Belo texto Baptista!! Eu sempre fui "econômico" com as minhas paixões. Rodei um pouco pela vida, mas tenho a 12 anos a mesma mulher e a 13 a mesma bicicleta.
ResponderExcluirDesconfio de quem troca as suas paixões com muita frequência, pois paixão, para não ser fogo de palha, tem que se transformar em amor, respeito e convivência harmoniosa.
Pode ser que no fim do ano eu opte por um modelo mais novo, mais leve e que inspire novas aventuras.
Que fique claro, um modelo novo de bicicleta! A mulher vai durar o tempo de minha vida!
Abraços
Kieling
Kieling, teu comentário, que muito me incentiva, principalmente por partir de quem ama muito as bicicletas,veio reforçar uma dúvida que me surgiu enquanto escrevia o texto. Era de bicicletas que eu estava falando ou era dos nossos amores? Talvez das duas coisas pois ambas parecem ter um substrato comum no qual se encontram nossas paixões.
ResponderExcluirExperimenta uma reclinada por uma semana, e verás que nunca sentiste amor tão grande por uma bicicleta.
ResponderExcluir... como já disse no texto ando pensando ...só não sei se por uma semana, talvez apenas para uma momentânea aventura...
ResponderExcluiro teu texto é provocante... ele me deixou com uma certa nostalgia... não tenho histórias com bicicletas... talvez a história de nunca ter tido uma bicicleta... não aprendi a pedalar, mas não foi por isso que nunca tive uma... nunca tive por que meus pais nunca me compraram uma... e hoje acredito que não aprendi foi por que sempre fui muito medrosa... perto da minha casa existia uma oficina que alugava bicicletas velhas e nunca tive coragem de alugar uma... meus irmãos alugavam, minhas amigas alugavam e eu não... risos... não sei porque não alugava... daí a nostalgia que o teu texto me causou... tenho uma história com bicicletas e ao mesmo tempo não tenho...
ResponderExcluir... na realidade tens uma história que ainda não está finda... já pensaste se agora decides aprender a andar de bicicleta?... tenho certeza de que seria, para ti, uma grande descoberta e o que, hoje, vês como nostalgia poderia se tornar pura alegria...
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