Com a proximidade do Natal saí a vasculhar anotações para encontrar alguma coisa dentro do espírito que todos procuramos evocar nesta época. Só encontrei, no entanto, textos fragmentados, pensamentos esparsos e um pouco melancólicos, inadequados ao momento. Lembrei-me, então, de buscar referências de outros Natais mas, tampouco, achei algo que me satisfizesse. Além disto queria alguma coisa nova, escrita neste Natal.
Deparo-me, então, com a foto acima, de um menino conduzindo pela mão sua pequena bicicleta.
Pareceu-me, de imediato, muito adequada ao sentimento de esperança, de pureza, de amor que o Natal ainda consegue, mesmo que escassamente, fazer aflorar.
A bicicleta sempre esteve intimamente associada aos sonhos que deixamos, quando crianças, para o Papai Noel tornar realidade.
Dificilmente outro presente tem na nossa infância tanto encanto e apelo quanto a bicicleta.
Dar as primeiras pedaladas na bicicleta nova, na manhã seguinte à noite de Natal, é uma experiência como poucas nas nossas vidas, experiência de liberdade, de poder e controle sobre o meio físico que nos rodeia, de encantamento.
Próxima talvez apenas, pela emoção, à experiência de ganhar um animal de estimação.
Por isto dedico esta breve crônica aos pequenos e aos puros de coração que guardam dentro de si a criança que brincava de bicicleta muito antes de pensar em ter o primeiro carro, muito antes até mesmo, de pensar em ter a primeira namorada.
Feliz Natal!
Adorei seus textos! Eu lamentavelmente fiquei sem bicicleta. As duas últimas que tive foram roubadas; coincidentemente, quando ambas estavam sendo utilizadas por meu irmão, em ocasiões distintas. Da última vez, roubaram a magrela da porta de um Shopping Center aqui da vizinhança, em 2008, onde ele havia ido fazer compras. Sou baixinha e, por isso, andar de bicicleta acabou-se tornando um problema. Meus pés mal tocam o pedal nessas bicicletas grandonas. Eu gostava mesmo era das bicicletas de minha infância, que não tinham marcha, mas o guidon e o banco podiam ser facilmente adaptados ao gosto do ciclista. Bom... O banco ainda pode, nas bicicletas atuais, mas o guidon, pelo menos das que tive e daquelas que vejo nas lojas, é um tormento! A gente fica o tempo todo com o corpo inclinado, como se competindo estivesse, numa corrida. Por isso gostava tanto do meu “camelo” roubado. Porque o quadro era parecido com o daquela “Uruguaya”, não reto mas antes inclinado. Eu bem que ia gostar de ter uma bicicleta como aquela. Você tem mesmo razão quando diz que a primeira bicicleta a gente nunca esquece! Ganhei uma Caloi vermelhinha em um desses Natais da vida, quando criança, e a sensação de nela pedalar, no dia seguinte, foi maravilhosa. Indizível! Doces lembranças da infância! Tempos depois, já adulta, além daquelas duas bicicletas roubadas, acabei vendendo uma Caloi Mountain Bike que tive; pelo mesmo desconfortante motivo.
ResponderExcluirRita, comentários como o teu são que me fazem me sentir gratificado de manter estas crônicas. Quando consigo despertar sentimentos e lembranças como os que relatas é como se, pedalando sózinho por algum lugar, subitamente encontrasse companhia. Obrigado.
ResponderExcluirnão se trata de um texto, mas de poesia. muito bom!!!
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